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minha gente, o negócio tá muito sério.

tem várias silvias aqui hoje.

uma é a que vai pra aliança de manhã e tá em pleno choque cultural. não tem nenhum brasileiro, eu tenho que falar francês o tempo todo mesmo. tem três pessoas chinesas na minha sala. eu não entendo nada o que elas dizem. em língua nenhuma. nem o nome delas eu entendi. fora elas, tem uma pessoa de dubai, que eu descobri que existia hoje, e já descobri que é um grande mega pólo comercial que tá bombando geral. tem um da arábia saudita. tem uma da romênia que é a própria tula, do casamento grego. tinha uma de gana, mas ela ficou tão nervosa que não sabia falar francês que saiu no intervalo e nunca mais voltou. e tem duas espanholas que, claro, já acharam suas caras-metades francesas em dois dias de toulouse.

é isso, choque cultural, você não conseguir explicar uma palavra que tem origem latina e que tem o mesmo radical que em português, então, por isso mesmo, é óbvia pra você. pessoas que levam brinquedinhos eletrônicos pra aula. e o professor manda você encontrar dois pontos em comum com o seu colega, como exercício de conversação, e você não consegue, porque não tem nada a ver.

enfim.

(mas o curso tá massa, e apesar de não ter nenhum assunto novo - porque afinal acho que já vi todos os assuntos -, a abordagem é diferente, e a experiência é super válida).

e tem a outra silvia que chegou em toulouse só hoje. que andou sozinha ou mesmo acompanhada e conseguiu se livrar um pouco do deslumbramento e viu as coisas pela primeira vez. e se deslumbrou com um monte de outras coisas, com tudo feito à mão, com canetas baratas, perfumes franceses, que viu persepolis no cinema e foi chorando pra casa. que já tá triste porque vai embora e que quer mais choque cultural, porque faz crescer, mesmo. uma pessoa que tá perdendo a timidez de falar uma língua que ela não sabe direito com um monte de gente que é chata mesmo, fede, e olha torto. mas que nem é bom nem é ruim, é só diferente.

o mundo é plano, eu tô trabahando aqui como se nada acontecesse. o muito é redondo, tem cinco horas de diferença pra minha casa, e eu acho isso muito estranho. o mundo é grande, a gente é tão diferente. e o mundo é pequeno. acho que no fundo todo mundo só quer ficar bem.

tem fotos no flickr. até amanhã.

=*