quinta-feira, 6 de setembro de 2007

o pássaro azul

lembram né, que rolou uma obssessão certa feita pra ver esse filme, do qual a gente lembrava somente que passava na sessão da tarde e que tinha uma cena num lugar onde as crianças ainda não tinham nascido (e cris lembrou que algumas delas não queriam se separar porque eram almas-gêmeas e que isso fudeu um tanto o conceito de que existem amores predestinados, isso desde a infância).

bom, finalmente fernando coração de leão conseguiu baixar pra mim (a única opção antes era pedir pra copiarem na classic um vhs que tinha sido gravado da sessão da tarde por 50 reais - no way).

não deixa de ser um pouco decepcionante, é claro, mas indeed que é um dos filmes mais bizarros do planeta. a começar pela shirley temple



(depois de baixar as duas versões, a de 1940 e a de 1976, eu percebi que a que tava na minha memória era a mais antiga, apesar de jurar que em 1940 não tinha cores ainda). ela tem a boca muito pequena. profundamente. quando ela canta, parece que vai rasgar tudo e começar a sangrar. é um horror.

e o filme é repleto de lições de moral pseudo cristãs duvidosas e traumáticas. em linhas gerais, shirley é uma mini-megera mezzo scarlett ohara que odeia a sua família pobre e o fato de não poder ter uma árvore de natal de 3 metros e um monte de guloseimas pra se empanturrar no natal. aí, na fase grayscale do filme, ela e o irmãozinho babaca engaiolam um pássaro que uma amiguinha muito doente pede para ter em troca de uma boneca horrorosa já que, poxa vida, ela não pode sair da cama, pelo menos vamos ajudá-la a ficar mais próxima da natureza, shirley. nada. shirley é mesmo uma vaca. claro que ela não quer aquela boneca velha.

então num sonho um pouco alice, ela e o irmãozinho babaca vão parar nesse mundo alternativo para procurar o tal do pássaro azul. eles visitam os avós já finados, que ficam presos num sono eterno até que alguém se lembre deles, e poxa, faz tanto tempo e shirley nem lembra que eles existem.

depois eles vão pra o reino da luxúria. lá eles ganham pôneis e carrossel, mas é claro que não é lá que está a felicidade, digo, o pássaro azul. por fim chegam a esse "céu" onde estão as crianças que ainda não nasceram. encontram uma futura irmã, mas não ficam muito felizes porque ela não vai ficar muito tempo com eles (homicídio infantil premeditado). o mais chocante (além desse casal de fetos apaixonados que choram horrores quando um velhinho vestido de noé vem buscar os que precisam nascer agora e eles não querem se separar, já que eles se amam tanto) foi uma criança que não queria ir porque achava que os pais não a queriam. discurso anti-aborto em 1940. pra isso eu não tava preparada.

depois de tudo eles voltam pra casa e é claro que é lá, juntinho da mamãe e do papai, que o pássaro azul sempre esteve. eles não viram antes porque o filme tava em preto e branco, né, claro. e shirley vira uma fofa polyana e vai dar o pássaro azul de presente a sua amiguinha morimbunda que, óbvio, se levanta lépida, faceira e saltitante nunca se lembrando que estava prestes a morrer, face a tal ato de bondade e gentileza de shirley.

e eu fui dormir três da manhã. ainda queria ver a versão 1976 com liz taylor, mas fiquei com medo dos créditos de abertura em russo.

Um comentário:

Unknown disse...

Interessante, faz tanto tempo que eu quero assistir este filme novamente ( sempre comento com a minha filha de 10 anos) mas é difícil conseguir uma cópia dele.
( a respeito da sua crítica) , se vc for ver este filme com os olhos críticos de um adulto , realmente concordo com vc em alguns pontos.
Mas se olhar com os olhos de uma criança , muito do filme acontece hoje, consumismo, não se lembrar das pessoas que já amamos, idealizar um futuro que talvez nunca vai acontecer, mas este filme faz pensar muito que esta história de passado, presente e futuro não existe , tudo esta interligado, para as crianças daquela época como para as crianças de hoje o melhor da vida é ser feliz mesmo através da fantasia , e este filme é pura fantasia ,se este filme fosse tão ruim porque duas "senhoras" como nós se lembraria dele? é porque a fantasia do filme ficou dentro do nosso coração de criança.
Para mim este filme é 10